Quando eu nasci era um dia amarelo, quem sabe meio cinza, chuvoso, cheio de cheiro de terra que evapora assim, no meio da chuva.
Quem sabe o céu tenha se fundido,
depois da luz do sol,
em um grande arco-íris, multicolor...
E tudo não tenha passado de um branco clarão.
Clareou o céu, o mundo, tudo em volta.
Não vim de trevas, nem corro por elas...
E apesar de não averso ao escuro não me busco nem me encontro nele...
É no claro de teus olhos que foco a luz.
No claro que cega toda manhã ensolarada e que em toda tarde que invade o mar cinza, transforma a maré calma num espelho amarelo.
Meu céu clarão...
Mistifica tudo em tons magenta.
E a cidade se abre em braços e abraços...
Como se os dois braços de rio invadidos pela maré abraçassem o canto calmo onde o vento faz a curva.
Curveia pra mim.
E sobe a ladeira num largo.
Largo dos amores.
A Ilha banhada em cores.
Multifacetada.
Brisa leve lava alma.
Nasce e renasce todo dia um novo de mim. Um novo clarão. Raio de luz que se fecha ao luar.
E como se cada canto tivesse sido criado ao meu sabor, saboreio cada mar, cada pedaço de céu, cada canto do teu corpo, cada fragmento da tua alma.
Nasci eu na ilha, nasce a ilha em mim.
Ilhada em meio aos tormentos.
Banhada do infinito...
Eu e tantas outras almas, vagamos.
Cada praça, cada prédio, cada beco, cada solar.
Lá estamos nós, marcando e marcados.
O mistério sem fim.


Foto da EMEM ( Escola de Música do Estado do Maranhão " Solar Lilah Lisboa de Araújo")
Por Rodolpho Oliveira.
Luz Natural