Nem precisava você fazer nada, bastava me olhar com aquele olhar e todos os meus medos e angustias estariam desfeitos, todos meus anseios estariam preenchidos e meus sentimentos não mais se controlariam. Estariam mesmo tão bambas as minhas pernas?
Nem sei, mas não precisaria me dizer belas palavras nem falar em alianças, porque meus braços já estariam laçados em teu pescoço e tu não poderias fugir dali nunca mais, nem seriam necessários beijos furtivos, porque já terias roubado mesmo todos os meus dias e minha alma estaria entregue a qualquer caminho que quisesses trilhar.
Não precisaria mais de sol, porque na chuva me recolheria em teus braços,e minhas revistinhas de adolescente uma vez me disseram que piscianas adoram corpos molhados, tempestade a céu aberto no meio da noite.
Eu não quereria outras músicas que não fossem as tuas, não quereria outra bebida que não fosse de teus fluidos, nem outro ar que não fosse o roubado de teus pulmões e viveríamos assim, um do outro, unidos por um único sopro de vida.
Não saberíamos de mais nada, nem olharíamos além do horizonte de nossos olhos, porque quando as partes perdidas se encontram não há como separar.
E não haveria falta nem sobra, só encaixe e a sensação de plenitude.
Todos as terças se formariam no mais belo acorde e nenhuma dissonancia seria ouvida, só aquele final em sensível que pede conclusão.
E depois de alguns trinados barrocos a melodia finalmente se finda na mais perfeita harmonia e sobra silêncio. O silêncio que diz tudo e abriga todas as coisas já não ditas. O silêncio que fecha tudo. Fecha a cortina e ascende as luzes.
A cena acabou.
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2 comentários:
Nha...
estou eu em condições de falar sobre partes perdidas?
Sei lá, acho q eu nunca tô, né?
enfim.
Bonito post..
tudo muito sincero e ah...
nem sei..
Tão legal, sabia? E o final, de fecha as cortinas e tal, é como se a gente fosse capaz de se ver nessa cena, pq provavelmente td mundo já passou por situação parecida...
Diz que Imaira... escritora =x
:*
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